A nossa turma de teatro
A turma de Teatro continua, no seu 4º ano de actividade, a proporcionar a quase 2 dezenas de alunos da nossa Unisseixal o prazer de representar a vida nas suas variadas formas.
Neste ano escolar, e depois de ter apresentado em novembro, na União Seixalense, a peça do ano escolar passado, a turma de Teatro ensaia a comédia “A birra do morto”, que gira à volta das peripécias provocadas por um morto que teima em não se deixar enterrar (vê-se logo que não foi escrita nestes dias…), ao ponto de provocar a intervenção da força da GNR (!!!) para repor a ordem. Esta comédia, de Vicente Sanches e adaptação de Orlando Neves, esteve em cena no teatro Nacional D. Maria II, em 1984.
Ocupando o tempo a mais na vida dos seus alunos e mobilizando toda a turma (11 mulheres e 8 homens) nos mais variados papeis – desde o Ribeiro, que faz de morto e aspira a pisar os palcos da Broodway, até à Flórida em quem os anos nunca pesam, passando pelo nosso “sargento” Ferreira, pelo Sr. Dr. Faustino que bem encarna os tiques dum médico a sério, pelo Correia no seu papel de padre, mas apto a desenvolver qualquer personagem ou pelo Zé Morais que nem dispensou a cartola na pele do astuto dono da funerária, ou pelas todas as outras colegas com papeis menos notados, mas todas indispensáveis – esta peça levou, com certeza, a boa disposição a todos os que assistiram às suas representações. Esperavam-se, como é evidente, grandes enchentes e falava-se, inclusive, na presença, incógnitos entre a assistência, de mirones dos principais teatros nacionais.
Agora falando a sério: a turma de teatro é mais uma maneira de dar forma aos pressupostos que levaram à criação da Unisseixal pelos seus mentores: juntar as pessoas, aliviar-lhes as angústias da idade, fazê-las conviver e acrescentar-lhes mais um pouco de compreensão ao que a vida já lhes ensinou. E só por isso já vale a pena.
(Texto de António Marquês)
Falando de Teatro…
Fascínio, será talvez o substantivo que melhor caracteriza o interesse por esta forma de arte.
O escritor, o dramaturgo, inventa “Vidas” cheias de mistério, suspense, sedução; o encenador recria o espaço e o tempo onde tudo acontece; o actor dá corpo e alma às personagens, fazendo com que, em cima do palco, elas ganhem forma e pareçam reais; por último, o público delicia-se com a representação, chora, ri, alimenta as suas fantasias, aplaude…
Abarcando os quatro géneros literários:- comédia, farsa, drama e tragédia, o teatro consegue congregar à sua volta uma imensidade de preferências, agradando por isso a todas as faixas sociais.
Para além do carácter lúdico em que a vertente da diversão é o principal objectivo, o Teatro exerce uma função social importante, despertando consciências para os problemas e inquietações sentidas pelas pessoas no seu quotidiano.
A Revista à Portuguesa é disso um bom exemplo. Foi meio a brincar, meio a sério que os autores e actores (veladamente, com subtileza, para que “o lápis azul da censura” não fizesse um traço por cima dos textos) levaram à cena os problemas do país, no tempo da Ditadura.
A turma de teatro da Unisseixal tem consciência que fazer teatro não é fácil; exige aprender e apreender técnicas de representação nem sempre fáceis de assimilar, situação que se vai conseguindo com a prática de estar em palco e de interiorizar as diversas personagens. É necessário vencer a timidez e o receio de falhar.
Ao falar de teatro, importa referir as personalidades que ao longo dos tempos, através da sua acção, contribuíram para o incremento do teatro em Portugal.
Comecemos pelo seu fundador, o “Mestre” Gil Vicente que viveu entre os séculos XV e XVI; António Ferreira, em 1587, escreveu a 1ª Tragédia Portuguesa do classicismo renascentista – Castro – baseada nos amores de D. Pedro e D. Inês de Castro; D. José 1º, Rei de Portugal mandou construir e inaugurou em 1755 o Teatro Real do Paço da Ribeira, irremediavelmente destruído pelo terramoto do mesmo ano; Almeida Garrett, escritor e dramaturgo, autor da famosa obra Frei Luís de Sousa, foi incumbido pela rainha D. Maria II de mandar edificar um Teatro onde se representassem condignamente os autores portugueses. Assim nasceu o Teatro Nacional D. Maria II.
No século XX, foram vários os nomes da literatura portuguesa que escreveram para o teatro:- Júlio Dantas, Bernardo Santareno, Luís de Sttau Monteiro, entre outros,
Presentemente o teatro é divulgado em várias localidades através de festivais e /ou/projectos dinamizadores com o suporte financeiro das Autarquias. Seixal, Almada, Porto e outras cidades são o exemplo do empenho e interesse do Poder Local pela parcela da cultura portuguesa que o teatro representa.
Maria José Vaz
(Referências Bibliográficas:- Wikipédia)